UM ANO DEPOIS

Há um ano atrás decidi criar esta espécie de "blog" onde tornei público o meu gosto pela escrita, nomeadamente pela partilha das minhas próprias vivências e emoções. No entanto, o que ao início parecia ser um blog direcionado apenas para um tema, rapidamente se tornou o meu "escape" e um sítio onde escrevia sobre aquilo que me apetecesse. Aos olhos da minha avó -uma das minhas maiores inspirações- eu transbordo felicidade quando estou a escrever.
Existe uma grande diferença entre escrever para mim e escrever "para" a Internet. Para quem não sabe, inicialmente, este blog tinha como intuito falar apenas sobre a minha doença e todas as batalhas que travei ao longo destes anos. Queria dar a mostrar como é possível se adaptar a quaisquer que sejam as adversidades e contratempos da vida. Que cada um de nós tem os seus problemas e que estes não devem nos impedir de fazer aquilo que quisermos e de termos uma vida perfeitamente normal.
Quando diagnosticaram-me Lúpus -sabendo que era uma doença crónica e que acompanhar-me-ia para o resto da vida- parecia que o mundo tinha acabado, que as dores tinham tomado conta do meu corpo e que eu não poderia fazer planos a longo prazo para um futuro risonho.
Hoje sei que agarrei a doença "pelos cornos", enfrentei-a "de frente" e lidei da melhor maneira possível. Não há nada que eu não seja capaz de fazer e tudo é uma opção a ponderar. Felizmente, descobri que quando sorrimos para a vida ela sorri-nos de volta. E quanto mais damos, mais recebemos.
Olhando para trás, não consigo encontrar semelhanças com a Luísa que eu era. Sou uma pessoa totalmente diferente. Costumam dizer que estamos sempre a crescer e em constante mudança mas que a nossa essência nunca se altera. Eu não me conhecia bem, ainda não tinha encontrado a minha essência e explorado a minha personalidade como um todo. Agora sim. Prestes a fazer duas décadas de vida, sinto que estou no meu auge. Sabem quando têm aquele sentimento de missão cumprida? Que já contribuíram para um mundo melhor e que ainda têm tanto para dar?
Disseram-me que aproveitasse bem estes tempos porque estava numa fase de estagnação em que a doença não se estava a manifestar. Disseram-me que os anos passam e o meu estado se deteriora. Disseram-me que os meus avós tinham mais chances de viver sem dores e dificuldades do que eu. Disseram-me isso aos 11 anos. E agora? Agora continuo a fazer uma retrospetiva da minha vida por esta altura do ano. Todos os anos.
Continuo a viver. Continuo a escrever. Continuo a divertir-me. Continuo a estudar. Continuo a fazer planos. Porque até deparar-me com aquilo que prevêem para mim, sou eu que estou a cargo da minha vida. Continuo aqui. E daqui a um ano? Espero estar aqui a escrever outra vez. Com força, bem de saúde e feliz.