AVÔ

Olá avô! Tu e a avó são os únicos (da família!) a terem pleno conhecimento do quanto estou a envolver-me neste blog e a dedicar-me de corpo e alma àquilo que escrevo para que seja o mais verdadeiro possível.
Assim, decidi escrever sobre ti. Para ti. Não, não faleceste nem estás, felizmente, a passar mal e, por isso mesmo, é o momento certo para te homenagear (desta minúscula maneira comparativamente com tudo o que mereces!). Assim como assim, tudo vale a pena enquanto tens capacidade para o entender.
Eu sou "filha" do meu avô. Nasci e vivi grande parte da minha vida sozinha com a minha mãe e não seria um décimo do que sou se este se tivesse ausentado por um minuto que fosse. Posso estar zangada com todo o mundo, incluíndo a minha mãe e a minha avó, mas há uma pessoa que merece o meu respeito, devoção e eterna gratidão. O meu avô.
Todos nós temos alguém na nossa família ou grupo de amigos que se aproxime de um ídolo ou uma figura exemplar da qual tentamos retirar o máximo possível e aplicar na nossa própria vida. Eu faço, digo, respiro e vivo para tudo aquilo que o meu avô tem para me ensinar. Não estou a exagerar.
Nunca conheci uma pessoa tão doce, empática, sonhadora, trabalhadora, justa e honesta como o meu avô. Este homem é um anjo vindo do céu que protege-me e cuida da minha vida com uma graciosidade indescritível. Os meus amigos mais próximos e principalmente os meus colegas de infância sabem que o meu avô era e é presença assídua em qualquer marco na minha vida.
Hei-de sempre me recordar dos comentários que ouvia na primária: "Olha, o avô da Ana Luísa está ali!". Sim, o meu avô sempre me acompanhou em tudo, ir buscar-me à escola era obrigatório...como o tempo urge! A rapidez com que as coisas estão a acontecer deixa-me nervosa. Os dias estão a ficar mais pequenos e o tempo que passo com o meu avô está a encurtar.
Sair da Madeira em setembro para estudar não facilitará e as saudades irão despoletar de uma forma incrivelmente gigante. Escusado será dizer que o meu avô vem comigo ajudar na instalação na nova cidade. Mas uma semana será tão pouco em relação aos 3 meses que se seguirão depois pela frente.
Há pessoas que dizem que às vezes é preciso perder algo para se dar o devido valor. No meu caso, ficar afastada do meu avô não alterará nada visto que o valor que lhe dou não é mensurável...dizer que é enorme nunca chegará.
Não sei quando, nem em que circunstância será a nossa eventual despedida mas será recheada de felicidade. Refiro-me à despedida "final", quando um de nós decidir partir primeiro que o outro. Não duvidem, por um segundo sequer, que eu morreria pelo meu avô. Absolutamente.
Agradecer tudo o que já fizeste desde o dia que nasci seria uma carga de trabalhos...provavelmente uma luta sem fim e vitória à vista. Limito-me a deixar-te orgulhoso de tudo o que faço. Cada vez mais, penso antes de agir e tento fazer tudo à tua semelhança. Não existe nada certo na vida mas certamente tens um cantinho no céu guardado para ti. Foste o meu maior apoio na luta contra a minha doença, sempre que falhava em alguma coisa na minha vida e sempre que precisava de conselhos sábios de quem já viu "o que a vida tem para dar". És o pai que eu nunca tive, o avô de sonho de qualquer miúda, um pai e marido incrível e uma pessoa que por onde passa deixa a sua marca. Amor não é, definitivamente, o maior sentimento que tenho por ti. Respeito. Respeito-te para sempre. Seja lá o que for o "para sempre". Obrigada por tudo avô.
OBRIGADA!